RisoPontoCom

Charges, Tiras de Quadrinhos e Anedotas de Cristovam Tadeu - ATUALIZADO SEMANALMENTE! DEIXEM SEUS COMENTARIOS, POR FAVOR!

Wednesday, May 18, 2011

OS HUMORES DE CRISTOVAM TADEU - por Renata Escarião



Caetano Veloso, Zé Ramalho, e até Ariano Suassuna deram uma passadinha rápida pelo Edifício Caricé, em João Pessoa, no final da manhã da última terça-feira. José Wilker e Neila Torraca também se atreveram a dar umas palavras por lá e alguém que por ventura tenha passado pela porta do apartamento do humorista paraibano Cristovam Tadeu não duvidaria que uma caravana de ilustres visitava mesmo o humorista. E quem duvida? Com 30 anos de carreira e um talento nato, Tadeu revela nas imitações uma das facetas da sua arte e é capaz mesmo de se travestir em outros em vozes e gestos quase inconfundíveis.
Foi em seu apartamento, entre as paredes coloridas por quadros e bandeiras, estantes de livros, móveis de madeira, objetos retrôs e até um vaso sanitário – que usa como suporte para revistas e jornais - que Tadeu contou de um jeito sério e meio inquieto como tudo começou e onde tudo foi parar. Isso mesmo, sério e inquieto, como costuma ser, mas nem por isso pouco atencioso.
Ao contrário do que se constrói como estereótipo de qualquer humorista, Cristovam não faz de qualquer palavra alheia um mote para piadas, e até confessa que divide bem seus personagens do que é característica da sua personalidade. Mas não é por não saber, como o próprio diz, tirar onda com todo mundo o tempo todo e preservar suas piadas para a hora do show, que o humorista se torna menos engraçado.
Foi justamente tirando onda com as meninas da escola quando tinha apenas oito anos que Cristovam se descobriu engraçadinho. Esperto o garoto que entendeu logo cedo a guardar suas piadas para os momentos certos. “Sempre fui engraçadinho e usava esta característica para chamar a atenção das meninas. Usava a palhaçada para compensar a pouca beleza”, brinca.
Também foi aos oito anos que ele começou a desenhar. “Eu queria desenhar os super-heróis, mas como não conseguia comecei a reproduzir”. E foi nesse ritmo que Cristovam desenvolveu seu talento e aos 12 anos teve sua primeira tira publicada em um caderno infantil do jornal O Norte, onde viria a trabalhar como chargista 10 anos depois. “Foi meu pai que me levou lá e acho sim que foi um incentivo, mesmo inconsciente, ter tido a sacada de incentivar a publicação”, avalia Tadeu.
O humorista conta que aos 14 anos passou a publicar semanalmente no bairro 13 de Maio, onde morava em João Pessoa, o jornalzinho O Lixo, todo feito por ele com tirinhas e desenhos. Na mesma época, represenou Didi, de Os Trapalhões, no grupo homônimo que montou com amigos. Aos 17 anos, após a morte do pai, o humorista teve mais liberdade para alçar vôos mais altos e fazer teatro a contagosto da família, que não aprovava.
“Eu saia de chuteiras dizendo que ia jogar bola e na verdade ia participar dos laboratórios do Teatro Santa Roza. Isso era por volta de 1978. Em 1980 entrei para o grupo oficial do Teatro e meu primeiro espetáculo foi ‘O dia em que deu elefante’, de Marcus Tavares, onde a princípio fui o cenógrafo”, conta Tadeu.
Em 1983 estreou seu primeiro show solo, o ‘Pra morrer de rir’ e em 1985 começou a trabalhar como chargista no Jornal O Norte. Na época já estudava teatro no curso de Educação Artística da UFPB e foi com a hoje jornalista Ruth Avelino que fez o programa de rádio ‘Classe X’ até 1990. Foi em 1985 que criou, também com Ruth, o primeiro show de humor na Paraíba, o ‘Travessia’, que acontecia no Bar Travessia e onde foram revelados humoristas como Piancó e Zé Lezin. Em 1988 já era marca na TV com os comerciais de uma loja de eletrodomésticos.
Foi para São Paulo em 1989 e lá participou como humorista de um quadro no programa ‘Sorriso na Praça’, da rede Bandeirantes, e fez diversos trabalhos como dublador de desenhos animados. “Em 1991 eu voltei, por saudade e problemas de saúde. Aprendi muita coisa e muitas portas se abriram porque o programa que eu fazia passava em todo o país, ironicamente, menos em João Pessoa. E pensei: se enfrentei São Paulo sozinho, por que não outras cidades como Recife, Fortaleza, Natal?”, relata Cristovam, que assim seguiu com seus shows solos pelo Nordeste.
Em 2004 imitou Caetano Veloso no Show do Tom, programa do Tom Cavalcanti, e assim ficou por quatro anos, com apresentações esporádicas no programa. Por indicação de Shaolin, este ano entrou no Tudo é Possível, da Rede Record, no quadro ‘O melhor imitador do Brasil’, e garantiu com suas imitações a colocação entre os seis finalistas.
Com a formação em Teatro, Tadeu também investiu na direção de espetáculos e assinou ‘Vovô viu a uva’, em 1994, e ‘Vovó viu a ave’, em 1998, tendo inclusive um deles rendido um programa de Tv.
Hoje, com 30 anos de carreira, Tadeu faz charges para uma Tv local, revistas e para o Jornal CORREIO (tendo sido chargista em todos os jornais diários comerciais do Estado com carreira de 20 anos na área). Também apresenta seu show solo ‘Riso.com’, e é considerado o pioneiro do humor na Paraíba. “Me sinto realizado. O Ceará é conhecido pela produção de humoristas, mas nós começamos aqui na Paraíba na mesma época e mantivemos a referência com outros nomes como Shaolin, Zé Lezin, Piancó. Ficou orgulhoso pela contribuição porque Zé Lezin e Piancó, por exemplo, se apresentaram pela primeira vez comigo, no Travessia”, avalia Tadeu.
E qual seria o segredo para um bom trabalho, além do talento? Cristovam se coloca antes de tudo como um observador. “Observo as pessoas comuns, seus tipos e gestos, personalidades nacionais e também tenho que estar ligado em tudo que acontece. É fundamental para criar personagens e desenvolver as charges”, comenta. É neste momento da entrevista que aparece o velhinho da fila do banco, Caetano, Lula, Zé Ramalho e tantos outros personagens que deixam claro o qual muitos é Cristovam Tadeu.

Materia publicada no jornal Correio da Paraíba em 03 de Maio de 2011

0 Comments:

Post a Comment

<< Home